Quando era mais nova e ia de férias com os meus pais, todos os anos para as mesmas duas casas, uma no Algarve e outra no sul de Espanha, tinha o hábito algo estranho de dizer adeus a cada uma das casas antes de partir. "Até para o ano", dizia eu, como quem falava com um amigo. Sabia que voltava sempre....e mesmo que não voltasse, acreditava que seria mesmo "até para o ano".
Hoje não é assim. Hoje sei que não volto. Hoje sei que esta casa não voltará a ser minha. E sei também que, depois de eu partir, este sotão será destruído e transformado. Não sei se quero olhar para trás quando amanhã descer aquelas escadas e deixar 2 anos de recordaçoes aqui dentro.
Terei saudades dos silêncios, dos comboios a passar e a fazer o chão estremecer, da árvore que me olha da janela da cozinha, dos pássaros a cantar lá fora quando chego a casa ao fim do dia, do "calor" do tecto esconso e de madeira, da cama lá em cima na mezanine, das noites passadas estendida no sofá a ver dvds e "à lareira", dos jantares a ver episódios de Friends, dos poucos mas bons jantares que aqui fiz com os amigos, dos Domingos de inverno com uma caneca de chá e o jazz a tocar, de acordar de manhã e tentar interpretar as noticias na rádio em flamengo...de mil e um hábitos que agora troco definitivamente pela vida de lá.
Não, não vou olhar para trás amanhã de manhã...
(nem de propósito, quando acabo de escrever este post, a Nina Simone canta: " We come and we go; like the ripples, like the ripples in the stream"...é mesmo isso que sinto hoje)
4 Comments:
um brinde a lareira e ao que amanha guardaras quando a porta se fechar.
as traves de madeira do chalet...
esse imaginario e essas cabecadas.
aposto que o mais aprazivel e mesmo as noticias em flamengo...
isso e um desafio e peras. e quase tao bom como ouvir filmes do ingmar bergman...
O primeiro dia do resto da tua vida :) Eu fico contente por te ter de novo do lado de cá!
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