Tuesday, January 08, 2008

A Terceira Rosa

Ha livros que se leem depressa demais. Ha livros que se leem devagar demais. Ha livros lidos de dia que seriam melhor sentidos à noite...ou vice-versa. Ha livros que so se leem uma vez. Ha livros que se podem ler vezes sem conta e que, em cada nova leitura, serao sentidos de uma forma diferente. Ha livros que se leem cedo demais. Ha livros que nos fazem pensar: "como é que vivi tanto tempo sem ler isto".
Este livro pode ser lido vezes sem conta, que veremos sempre as coisas por um angulo diferente. Para além disso, acho que o li cedo demais para o poder apreciar devidamente. Mesmo assim, marcou-me profundamente e ficou sempre na lista dos preferidos.
Uma passagem relida aqui, outra passagem relida ali e deu-me esta vontade incontrolavel de o voltar a ler. Comecei ontem. A primeira pàgina foi logo assim:
"Os anos passarão. Os canteiros hão-de gerar um outro buxo. Outros pássaros virão cantar nos ramos altos do pinheiro manso e dos plátanos. A tia morrerá. E a casa e o jardim, a própria vila, suas rotinas, seus ritmos e seus ecos. Não ficará senão a tua voz na tarde calma. Olá, disseste. E a terra começou a tremer."
Folheio umas paginas ao acaso e paro mais nestas passagens:
"Tanto te chegas como te esquivas, estás e não estás, dás e recusas. Não sei se por tudo isto, se por algo que não se explica. sei que quando me tocas a batida da terra coincide com a do meu coração."
"Não sei se é um eco, se sou eu próprio a falar por ti. Nem sei se não serei sozinho os dois. Ou se não serás tu que me pegas na mão para por ti escrever. Eu e tu. Que és e não és. Criação minha, não mais que amor do amor, o que de si mesmo se alimenta, a si mesmo se consome e de si mesmo morre e renasce. Como eu em ti e tu em mim. Ou eu e tu num só, este que nem sequer diz o teu nome, porque não sabe, nunca soube ao certo quem tu és. Todas numa só. Ou uma só em todas."
Agora imaginem um livro em que tropeçamos em coisas destas por todo o lado - é assim "A Terceira Rosa" de Manuel Alegre.
Agora, a parte gira é a minha frustraçao por ter deixado o livro em Lisboa onde o tinha posto, em cima da mesa de cabeceira, mesmo ao lado do telemovel para nao me esquecer. O telemovel veio e o livro ficou. às 5 e meia da manha seria dificil pensar racionalmente. Agora....espero mais umas semanas até poder continuar a le-lo...que remédio.

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1 Comments:

Blogger Nuno said...

Alguém já te disse que tu até tens jeito :) :)

10:29 PM  

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